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O surgimento da internet comercial no Brasil, impulsionou negócios e colaborou para a criação de novos mercados, inexistentes em cenário nacional. As evoluções foram constantes, e os últimos 22 anos foram marcados pelo aumento da oferta de internet em território nacional, tornando o recurso cada vez mais acessível para corporações e usuários.
O acesso facilitado à internet colaborou para que seu uso fosse popularizado rapidamente, em atividades profissionais e pessoais, possibilitando o lançamento de produtos/serviços, que receberam novas funções com a ascensão da internet.
Além do lançamento de novos produtos e tecnologias, o aumento no volume de sites e conteúdos, também colaborou com a popularização da internet e criação de dependência sobre a mesma.
Sem sombra de dúvidas, a internet trouxe inúmeros benefícios para usuários domésticos e corporativos. Contudo, na mesma proporção, o uso da internet inspira cada vez mais cuidados.
A internet é formada por uma quantidade massiva de conteúdos, em diferentes formatos, e usuários dos mais variados tipos. Sendo assim, fica evidente que nem todo conteúdo divulgado na internet é legítimo, ou desenvolvido por pessoa idônea, podendo causar implicações para a massa de usuários.
Por isso, é cada vez mais importante, principalmente em meio corporativo, criar visibilidade sobre o uso da internet possibilitando, facilitando sua gestão e evitando impactos negativos sobre o negócio.
Os acessos dos colaboradores podem ser responsáveis pela criação de vulnerabilidades, refletir em falta de produtividade ou interferir na disponibilidade do recurso de internet das empresas, além de outros tantos fatores que podem colocar em risco os dados corporativos e “imagem” da organização.
Neste blog post apresentaremos o resultado da pesquisa realizada pela OSTEC e NEOTRIAD, que levantou dados acerca do perfil de uso da internet nas empresas brasileiras. A pesquisa foi realizada com Diretores/Gerentes, e demais colaboradores da empresa, possibilitando identificar comportamentos e segmenta-los de acordo com a posição ocupada na empresa. Continue a leitura e acesse um resumo sobre os principais aspectos da pesquisa.
Sobre o público que fez parte da pesquisa
A pesquisa sobre o perfil de uso da internet foi respondida por aproximadamente 360 pessoas, sendo 70,91% homens e 29,09% mulheres. Os entrevistados também foram segmentados por faixa etária sendo que a maior incidência de respostas foram nas faixas etárias de 26 à 35 anos com 35% dos entrevistados, 36 à 45 com 31,67% e 46 à 55 anos com 15,28% dos entrevistados.
A pesquisa foi preenchida por colaboradores de empresas de praticamente todos os estados brasileiros, contemplando um total de 19 estados, sendo os estados com maior representatividade São Paulo, com aproximadamente 34% das respostas, seguido de Santa Catarina com 19% e Minas Gerais com 7,82%.
Sobre o setor de atuação dos respondentes e posição ocupada na empresa, a pesquisa traz que aproximadamente 30% dos respondentes estavam ligados ao setor de tecnologia, 17% atuavam no setor administrativo e 9,9% no setor de vendas da organização. Dentre os entrevistados aproximadamente 45% ocupavam cargos de direção e gestão sendo os demais distribuídos entre supervisores, analistas, técnicos e auxiliares.
Importância da internet para o dia a dia das empresas
Uma das perguntas, respondidas pelos participantes da pesquisa, estava associada a importância da internet para o desenvolvimento das atividades laborais na empresa, com a seguinte indagação “Como seria um dia sem internet em sua empresa?”. Frente a esta pergunta, 57,67% dos colaboradores responderam que um dia de trabalho sem internet seria péssimo, devido ao elevado grau de dependência sobre o uso do recurso. Os gestores e diretores que possuem a mesma percepção chegam a 48%, apresentando uma pequena variação entre os perfis avaliados.
A disponibilidade do recurso de internet ganha cada vez mais espaço na pauta dos gestores de tecnologia e demais áreas de negócio. Possuir links de internet redundantes, com regras que visam restabelecimento automático dos acessos, não é exclusividade de grandes empresas, mas sim de empresas que possuem boa parte de sua operação dependente da internet. Todo e qualquer negócio que se enquadre nesta perspectiva deve aplicar esforços para garantir a disponibilidade do recurso. Esta atitude visa reduzir a ocorrência de interrupções nos serviços prestados, evitando prejuízos diretos para o negócio.
BYOD, uso de dispositivos eletrônicos pessoais para realização de atividades profissionais
Durante a pesquisa os respondentes também foram questionados sobre o uso de dispositivos pessoais para a realização de atividades corporativas, e neste sentido foi diagnosticado que aproximadamente 46% dos colaboradores fazem uso de dispositivos pessoais e que 53,8% dos gestores incentivam tal prática. O conceito de BYOD é cada vez mais presente nas instituições e o resultado da pesquisa representa esta movimentação.
Fazer uso de dispositivos pessoais em ambiente corporativo é uma prática que traz benefícios para empregados e empregadores, mas que inspira cuidados, principalmente no que diz respeito à segurança do dado corporativo, quando fora do perímetro da rede da empresa. Nestes casos a aplicação de mecanismos para evitar perda ou vazamento de dados é muito mais complexa, incluindo o fato de que o dispositivo não é de propriedade da empresa e sim do funcionário.
Outro detalhe associado ao uso de dispositivos pessoais é a facilidade que os colaboradores possuem para dispersar de suas atividades laborais, uma vez que possuem vasto arsenal de conteúdos e dados pessoais a seu dispor, durante o período de trabalho. Neste sentido, vale a orientação, caso o conceito de BYOD seja colocado em prática na empresa, formalize esta atividade e crie regras para evitar problemas futuros.
Uso da internet em ambiente corporativo
Um dos pontos com grande relevância, associado ao perfil de uso da internet nas empresas, possui relação direta com a forma como o recurso é disponibilizado durante o horário de trabalho. De acordo com a pesquisa 43% dos colaboradores responderam que o acesso em ambiente corporativo é limitado e controlado, ou seja, existem restrições para o uso da internet, sendo os acessos liberados apenas para dispositivos utilizados nas atividades de trabalho. Frente ao mesmo questionamento, 24% dos gestores, informaram que os acessos são limitados e controlados, o que diverge de forma representativa das respostas dos demais colaboradores da empresa.
Este ponto da pesquisa abre margem para duas possibilidades de interpretação, sendo a primeira associada a um possível desalinhamento entre time de tecnologia e CEOs/Gestores, refletindo em percepção inadequado sobre a gestão do uso da internet na empresa. E a segunda opção, que também reflete fragilidade, está associada ao fato de não existirem controles sendo aplicados sobre os acessos de colaboradores com níveis hierárquicos superiores na empresa.
É importante ressaltar que em ambos os casos, o desenvolvimento de política/diretrizes de uso da internet, assim como o uso efetivo da mesma, em conformidade com soluções especializadas de gestão de conteúdo, poderia minimizar desencontros de entendimento, tal como apresentado na pesquisa.
Ainda com relação a este item, vale ressaltar que as respostas dos gestores podem ter sido motivadas pelo fato destes possuírem acessos privilégios à internet. Neste sentido, é importante evidenciar que tal atitude não está de acordo com as boas práticas de segurança, colaborando para ocorrência de sinistros, com impactos altamente relevantes na estrutura corporativa.
Uso da internet para atividades não associadas ao trabalho
Este provavelmente é um dos itens mais relevantes da pesquisa sobre o perfil de uso da internet nas empresas, tendo em vista as possíveis implicações associadas as respostas. A pergunta feita aos participantes foi “Você costuma utilizar a internet da empresa para fins não relacionados ao trabalho?”. Frente ao questionamento 21% dos colaboradores informaram que fazem uso do recurso para fins não associados ao trabalho com grande frequência, 61,4% afirmaram que utilizam, contudo, com pouca frequência, e apenas 17,5% não fazem uso da internet para finalidades não corporativas.
Para obter mais detalhes sobre o comportamento dos colaboradores, fizemos a seguinte pergunta para aqueles que afirmaram não fazer uso da internet “Você utiliza algum meio alternativo para acessar à internet em horário de trabalho, evitando o uso da rede corporativa?” e 62,6% afirmaram fazer uso da internet móvel de seus dispositivos pessoais para efetuar tais acessos.
Novamente temos a possibilita de refletir sobre duas perspectivas. A primeira perspectiva está associada a alocação do recurso de internet, que muitas vezes é escasso, em acessos não associados a atividade laboral do colaborador. Em algumas realidades de negócios, o acesso a aplicações/sites, que fazem streaming de áudio e vídeo, concorrem com sistemas de gestão, bancos e outras aplicações essenciais para o dia a dia da empresa. Este tipo de cenário pode trazer problemas sérios para a empresa, justificando o investimento de tempo e recursos para aprimorar a visibilidade sobre o uso da internet nas corporações.
A segunda reflexão está associada ao fato de que uma parcela representativa dos colaboradores utiliza o celular para, de certa forma, burlar os controles implementados pelas empresas em suas redes. As tecnologias para conectividade móvel, são aprimoradas frequentemente e o custo do serviço reduziu drasticamente nos últimos anos. Sobre esta perspectiva, o problema associado ao consumo de recurso de internet corporativa, passa a não existir, contudo, problemas associados a produtividade e segurança são mantidos e, inclusive, geram um desafio ainda maior para gestão.
A pergunta mais comum a ser feita neste momento é: “como controlar dispositivos que não estão conectados à rede corporativa?”. E a resposta é simples, estes acessos não podem ser controlados, de todo modo, a empresa pode resguardar-se criando diretrizes para o uso de dispositivos móveis durante o horário de trabalho, buscando minimizar tais impactos. Neste ponto, fica evidente a importância de conciliar políticas e ferramentas para manutenção de um ambiente seguro, disponível e produtivo nas organizações.
Sites mais acessados e tempo investido pelos colaboradores
Durante a pesquisa também foi possível avaliar os sites mais acessados pelos colaboradores, que em princípio não possuem relação direta com as atividades laborais. Neste sentido, dentre as opções com maior representatividade estão: canais de notícias com 63%, comunicadores instantâneos com 50%, redes sociais com 46% e Youtube com 31%.
Ainda com relação aos acessos questionamos os participantes sobre o tempo investido em atividades não relacionadas ao trabalho, fazendo uso da internet, frente a pergunta 54% das pessoas responderam que permanecem menos de duas horas neste tipo de atividade, 31% de 1 à 2 horas e 5% de 3 à 4 horas.
Este número é, de certa forma, preocupante, tendo em vista os impactos gerados sobre a estrutura financeira do negócio. Vale ressaltar que este número cresce exponencialmente de acordo com a quantidade de funcionários da empresa. Para estimar o dispêndio financeiro com este tipo de atividade, utilize a calculadora da produtividade.
Outro ponto a ser avaliado está associado ao acesso concorrente entre tráfego não relacionado com às atividades laborais, e tráfego legítimo dentro da organização. Esta relação deve ser avaliada e em caso de necessidade, medidas de controle devem ser aplicadas. No mercado existem soluções especializadas, que possibilitam garantir acesso às aplicações críticas para o negócio (QoS).
Para este cenário, ferramentas com foco em filtragem de conteúdo, juntamente com políticas de acesso bem definidas, podem auxiliar no desenvolvimento de estrutura flexível de acesso. Estruturas flexíveis, são aquelas que visam contemplar, de forma plena, necessidades da organização e colaboradores. Como sugestão para o estabelecimento de políticas flexíveis, podemos ressaltar a possibilidade de liberação de navegação em horários específicos, durante a jornada de trabalho, onde o colaborador terá acesso à internet liberado, obviamente, com restrição aos sites banidos pela política de uso da internet, tais como: conteúdo adulto, intolerância religiosa, racial ou de a gênero, entre outros.
Ócio produtivo com o uso da internet!? Qual a percepção de colaboradores e gestores?
O objetivo com esta pergunta é entender um pouco mais sobre os impactos do uso da internet e sua ligação com o conceito de “ócio criativo/produtivo”. A pergunta submetida aos participantes foi a seguinte “Na sua percepção, as fugas diárias para acessar conteúdos, não relacionados ao trabalho, impactam de que forma em sua produtividade?”. Frente ao questionamento, 25% dos participantes do grupo “colaboradores”, relatou que o impacto é negativo, pois acabam não produzindo tudo aquilo que teriam capacidade de produzir. Uma parte representativa dos colaboradores respondeu de maneira neutra, 48,3%, relatando que a atitude não traz benefícios e nem prejuízos. Contudo, se levarmos em conta que a atitude não auxilia no aprimoramento da produtividade do colaborador, justificando o tempo investido, por consequência, o ato acaba resultando em prejuízos para a organização.
Em contrapartida, 26,7% dos entrevistados informam que o acesso a conteúdos não associados ao trabalho, os deixam mais motivados para desenvolvimento das atividades laborais.
Existem poucos estudos com validade científica acerca do ganho de produtividade mediante estes cenários, por este motivo, é orientado cautela aos gestores. Neste sentido a premissa básica é a busca pelo conhecimento dos perfis de uso da internet em meio corporativo, para estruturação de política em conformidade com as necessidades do negócio e colaboradores.
Ainda com relação a esta pergunta, é possível evidenciar grande variação na percepção dos gestores. Para cerca de 54% destes, o uso da internet, em atividades não relacionadas ao trabalho, traz prejuízos ao desempenho dos colaboradores. Outro dado altamente relevante, é que apenas 23% dos gestores tem ideia do impacto financeiro gerado por este tipo de comportamento.
Entender o perfil de uso da internet nas empresas brasileiras, não está unicamente associado a implementação de controles de navegação ou bloqueios de sites. A criação de visibilidade sobre o recurso está diretamente associada a conceitos estratégicos do negócio, incluindo avaliação da necessidade de contratação de novos colaboradores, ampliação de investimentos em recurso de internet, entre outros pontos. Ainda vale ressaltar que a visibilidade possibilita identificar condutas inadequadas que podem colocar em risco o dado corporativo, gerando prejuízos a imagem da organização.
O conceito de visibilidade sobre o uso da internet é altamente aplicável em negócio de variados portes e segmentos e deve ser utilizado estrategicamente por gestores, sempre que necessário.