Geral 3min de Leitura - 13 de agosto de 2020

O lado negro do TikTok

Aplicativo TikTok

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Nas últimas semanas, vários foram os rumores sobre a rede social TikTok estar coletando dados de usuários sem o total esclarecimento sobre isso. Agora, pelo menos um desses boatos se confirmou.

O aplicativo ocultou o fato de captar identificadores exclusivos de dispositivos usando uma camada adicional de criptografia.

Assim, tem coletado identificadores exclusivos de milhões de aparelhos com Android – sem o devido conhecimento de seus donos. E fez isso usando uma tática proibida pelo Google, pois viola a privacidade de quem tem conta no aplicativo.

O app deliberadamente ocultou a prática com uma camada adicional de criptografia, de acordo com um relatório do Wall Street Journal (WSJ). O TikTok, que pertence à empresa ByteDance, com sede em Pequim, parece ter interrompido a prática em novembro, segundo o relatório – fato ainda não totalmente confirmado.

Os identificadores coletados pelo TikTok são chamados de endereços MAC, que são exclusivos de um dispositivo e usados como seu endereço em um segmento de rede. Eles são criados pelos fabricantes, e geralmente não são alterados. Por esse motivo, são valiosos para quem deseja enviar publicidade direcionada aos usuários de celulares e tablets, pois fornecem uma visão diferenciada sobre o comportamento do cliente.

A pesquisa do WSJ descobriu que o TikTok coletou endereços MAC por pelo menos 15 meses, encerrando essa atividade com uma atualização lançada em 18 de novembro do ano passado. O aplicativo agrupava o endereço MAC com outras informações dos aparelhos, enviando tudo para a ByteDance.

Esse pacote de dados também incluiu o ID de publicidade do dispositivo, que é um número de 32 dígitos destinado a permitir que os anunciantes rastreiem o comportamento do consumidor. Contudo, isso é feito de uma maneira que o usuário mantenha um certo anonimato controle sobre suas informações.

Na realidade, os aplicativos coletam várias informações sobre os usuários para fins publicitários, o que sempre foi alvo de discussão entre os defensores da privacidade. As empresas alegam que é uma forma de ajudar a fornecer uma experiência personalizada para seus clientes.

Nova febre sob suspeita

Como um aplicativo de compartilhamento de vídeos que ganhou fama rapidamente, o TikTok atrai diversos holofotes. Sua popularidade aumentou ainda mais desde o início da pandemia, quando as determinações para ficar em casa se intensificaram. Com mais gente por mais tempo em seus respectivos lares, as redes sociais começaram a ser ainda mais usadas, pois muitas vezes eram a única forma de interação entre parentes e amigos.

A descoberta do Wall Street Journal não é a primeira que põe em xeque o TikTok. O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ameaçou banir o aplicativo nos Estados Unidos. O medo era que estivesse coletando dados às escondidas sobre funcionários e contratados do governo, para então usar isso nas atividades cibernéticas da China contra o seu país.

Tais comentários foram feitos em um momento em que empresas como a Microsoft tentavam comprar o aplicativo, o que o tornaria sujeito às leis dos EUA sobre privacidade e coleta de dados – muito mais severas do que as chinesas.

Em sua defesa, os responsáveis pelo TikTok disseram que não compartilham dados com o governo chinês e não violam a privacidade dos usuários. No entanto, muitos especialistas em segurança alertaram que, devido às falhas de segurança do aplicativo e à postura da China em relação à cibersegurança, é provável que o governo local tenha acesso a inúmeros dados que o aplicativo possui.

Além disso, o TikTok não tem como alvo apenas os dispositivos Android. O aplicativo foi criticado anteriormente por ler os dados que ficam na função recortar e colar de usuários do iPhone da Apple. Isso foi descoberto em fevereiro, e os proprietários do TikTok prometeram desativar em março.

No entanto, no final de junho surgiu um novo recurso de privacidade do iPhone no Apple iOS 14, que mostra um alerta para permitir que as pessoas saibam se um aplicativo está “bisbilhotando” a área de transferência. Tal recurso parecia revelar que a prática ainda estava acontecendo.

Ao que tudo indica, as desconfianças sobre o TikTok são tão grandes quanto a sua popularidade. Resta saber o que mais se tornará realidade, e o que não passará de boato.

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