Geral 2min de Leitura - 24 de setembro de 2020

Futuro ameaçado

Linguagem de programação exibida na tela de um notebook. Xícara branca sobre um pires branco ao lado do notebook.

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Um alto percentual de profissionais não está interessado em trabalhar com segurança digital, apesar de elogiar a carreira.

Todas as áreas de atuação trazem os mais diferentes conjuntos de vantagens e desvantagens, que variam conforme a atividade. Nesse contexto, seja qual for o ramo, existe uma constante: a necessidade de renovação.

Não importa se no momento determinada carreira está com sobra ou déficit de profissionais; vai precisar da adesão de novos trabalhadores – sob o risco de sumir. Obviamente, tudo depende das demandas do mercado.

Com a área de segurança digital, há um certo paradoxo. A maioria dos trabalhadores do Reino Unido e dos Estados Unidos, por exemplo, vê esses profissionais de uma maneira positiva, embora poucos estejam considerando uma carreira na área. É o que mostra um novo estudo do (ISC)², uma organização sem fins lucrativos especializada em treinamento e certificações no setor.

A entidade entrevistou 2.500 trabalhadores nesses países para desenvolver uma pesquisa, chamada de Estudo de Percepção de Segurança Cibernética de 2020.

Os resultados revelam que as percepções sobre quem trabalha com segurança da informação são geralmente positivas: 71% afirmaram que os veem como “indivíduos inteligentes e tecnicamente qualificados”, enquanto 51% os descreveram como “heróis no combate ao crime cibernético”.

Deus me livre, mas quem me dera

Um dos pontos mais preocupantes é a falta de interesse em seguir uma carreira nessa indústria: 69% dos entrevistados disseram que não é a escolha certa para eles, apesar de admitirem que seria uma boa opção.

Entre os motivos que os entrevistados alegaram é que as funções de segurança cibernética exigem um investimento significativo de tempo e dinheiro em treinamento e conhecimento técnico.

Cerca de 61% disseram que achavam que precisariam de mais formação ou de uma certificação antes de conseguir um emprego no setor. Aproximadamente 32% acreditam que requer muito conhecimento técnico ou treinamento em tecnologia, e 27% disseram que não sabem programar – sendo que 26% afirmaram que é “muito intimidante”. As mulheres eram mais propensas do que os homens a considerar a indústria intimidadora, e a se desanimar com a pouca diversidade em relação ao outras atividades.

Essas percepções podem ter sido formadas em parte porque a maioria (77%) dos entrevistados nunca teve disciplinas de segurança cibernética como parte de seu currículo escolar ou universitário.

Um amanhã problemático

Os resultados são frustrantes para quem deseja incentivar mais pessoas a entrar no setor. Entretanto, o relatório chega em um momento em que muitos estão considerando uma mudança de carreira. Além disso, atributos como estabilidade no emprego (61%), trabalho flexível (57%) e potencial de ganho (56%), comuns em funções de segurança digital, agora são prioridades para os entrevistados. Ou seja, o jogo pode mudar.

As percepções sobre a segurança cibernética são importantes porque, com um déficit global estimado em mais de 4 milhões de profissionais, é necessária uma grande campanha de recrutamento para incentivar os trabalhadores a entrarem nessa carreira.

A questão é que algumas das percepções negativas dos entrevistados realmente procedem. Os empregadores costumam exigir muitas certificações e experiências anteriores ao selecionar candidatos.

Outro problema na renovação: as percepções entre os mais jovens tendem a ser negativas. Os entrevistados da Geração Z, por exemplo, têm menos probabilidade de ver os profissionais de segurança cibernética sob uma ótica positiva.

Como mudar

Wesley Simpson, executivo da (ISC)², disse que a realidade da situação, e o que é preciso para fazer um trabalho melhor de divulgação, é que uma força de trabalho de segurança cibernética verdadeiramente eficaz requer uma ampla gama de profissionais que trazem diferentes conjuntos de habilidades para suas equipes.

“Embora as habilidades técnicas sejam vitais para muitas funções, também precisamos de indivíduos com experiências variadas, incluindo comunicação, gestão de riscos, conformidade legal, regulamentar, desenvolvimento de processos e muito mais, para trazer uma perspectiva abrangente para a defesa cibernética”. A preocupação é válida, e a entidade pretende agir com rapidez – para evitar que existam mais crackers do que especialistas em segurança da informação.

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